Paternidade e a Criação Ativa dos Filhos Mesmo Após o Divórcio (por Tiago Campos, pai do Theo e do Thomas)
Recebi o convite do blog portal Brinquedo de Pau para falar sobre paternidade, um tema tão complexo, mas apaixonante para minha pessoa.
De início, oportuno me
apresentar. Chamo-me Tiago, sou funcionário público, tenho 43 anos, divorciado
e pai de dois meninos, Theo (08 anos) e Thomas (06 anos).
Como disse acima, sou um apaixonado pela paternidade! Eu optei pela paternidade em sua plenitude a partir do momento que descobri que seria pai, no primeiro semestre do ano de 2014. Fui em todas as consultas e exames do pré-natal, tanto do primeiro como do segundo filho (2016).
Durante toda gestação do meu primogênito mergulhei nesse universo da paternidade. Na época estava cursando o último semestre da minha segunda graduação. Chegava em casa, após o dia todo de trabalho e faculdade e ainda ficava na internet até altas horas pesquisando e lendo textos e artigos sobre o assunto e confesso que a cada nova informação me apaixonava ainda mais pelo tema.
Concomitante, também estudava sobre parto humanizado, uma vez que o plano era ter parto domiciliar. E assim foi, ambos nasceram em casa, cada parto com suas particularidades, mas, igualmente, incríveis e transformadores. Só quem vive/participa do parto de um(a) filho(a) sabe o quanto transforma!
Com toda bagagem que adquiri, internalizei uma coisa
fundamental: de que pai não ajuda!
Pai que cuida, que alimenta, que
passeia, que trabalha fora e quando chega em casa, brinca, dá janta, lava
louça, lê história antes de colocar o(a) filho(a) na cama, não é herói. Ele
está apenas sendo pai. E escolhi ser pai! Realizo todas essas tarefas citadas,
desde o primeiro minuto de nascimento do primeiro filho, em novembro de 2014.
Tive o privilégio de ficar em caso nos dois
pós-parto por 50 dias (juntei 20 dias de licença paternidade mais 30 dias de
férias), o que recomendaria para todos os pais, mas sei que ainda não é
possível em nosso país, devido a atual legislação.
Na busca desenfreada por informações, conheci sobre a criação
com apego e disciplina positiva, temas que me identifiquei e que
me norteiam até os dias atuais.
Para Thiago Queiroz, idealizador do blog Paizinho Vírgula, disciplina positiva não é permissividade. As pessoas costumam pensar que nós, pais e mães, que utilizamos a disciplina positiva na relação que temos com os nossos filhos somos, na verdade permissivos.
Elas acham que nós, obrigatoriamente, deixamos nossos filhos
fazerem o que quiserem, na hora que bem entenderem, e da maneira deles. Mas
isso está longe de ser verdade.
Em matéria publicada em um dos importantes sites dedicado ao tema se esclarece que a disciplina positiva é uma filosofia abrangente, que ajuda uma criança a desenvolver uma consciência guiada por sua própria disciplina e compaixão em relação aos outros.
A disciplina que é empática, amorosa e respeitosa fortalece a conexão entre os pais e seus filhos, enquanto a disciplina dura ou que abusa da punição enfraquece esta conexão.
Lembre-se que o objetivo final é ajudar a
criança a desenvolver o autocontrole e a autodisciplina.
Em resumo, a disciplina
positiva permite que os pais: eduquem os filhos de uma maneira respeitosa e
carinhosa; ajudem a desenvolver habilidades sociais; conversem em vez de
gritarem; façam críticas construtivas ao invés de punirem.
É cansativo? Muito! Desafiador? Demais!
Muitas vezes me vejo sozinho seguindo esse caminho
de criação, mas é o que acredito e sigo no meu propósito.
E convenhamos, é muito
bom dar colo, dar banho, brincar e dormir juntos, atitudes estas que ajudam na
criação do vínculo de apego.
Desde os nascimentos do Theo e do Thomas, quando cortei os cordões umbilicais de ambos, procuro construir o vínculo de apego com eles. Pois como todos sabem, mãe e filho já possuem esse vínculo que é construído durante a gestação. Nós pais, precisamos criá-lo.
Penso que a melhor forma é colocando em prática a criação com apego.
E hoje, posso afirmar que é possível. O vínculo que construí com meus filhos é
incrível.
Oportuno citar o artigo
do Médico Antroposófico, Dr. Antonio Carlos de Souza Aranha, intitulado “Seu
filho escolheu você e isso muda tudo”. Para ele “Cabe a nós, portanto,
ampliarmos nossa consciência e estender um tapete vermelho para esse ser desde
os tempos em que ele é apenas um sonho, apenas um lampejo. Estender um tapete
vermelho de boas-vindas aos que escolheram povoar esse planeta através de nós.”
Refletindo sobre o parágrafo
acima, sinto-me na obrigação de cuidar, ainda mais, com carinho, amor e
respeito dos meus filhos.
Outra coisa que
fortaleceu nossos vínculos foram os momentos do brincar. Adotamos os brinquedos
de madeira como ferramentas para o desenvolvimento deles e como ponte de união
entre a gente.
Atualmente, crio meus filhos sob o regime da guarda compartilhada com residência alternada (1 semana na casa de cada genitor). Não tenho rede de apoio. Assim, o tempo em que eles estão comigo, somos nós três.
Sou eu quem acorda as 6 horas da manhã, arrumo a mesa do café, acordo eles para
irem para escola, levo e busco na escola, dou almoço, lanchinho da tarde,
brinco, levo para passear, dou janta, banho e coloco pra dormir, além de toda
rotina diária de uma casa que todos conhecem.
Confesso que tem dias que acho que não vou dar conta de tudo, e não dou mesmo, piso na bola, erro feio, e ok! Não temos que dar conta de tudo mesmo. Somos seres humanos. Já não carrego tanta culpa.
Sigo
sempre no meu propósito de criar meus filhos com AMOR, baseado na disciplina
positiva, que fortalece a conexão entre mim (pai) e eles (filhos)!
Para finalizar deixo com
vocês uma fala da Dra. Zélia Beatriz Ligório Fonseca, Pediatra Antroposófica.
“Filhos são estrelas, que por escolha, vieram fazer parte da nossa vida. São fortes ligações cármicas, hereditárias e biológicas. Mesmo filhos não biológicos podem ter feito essa escolha cármica.
Através dos filhos e pelos filhos podemos desenvolver muitas qualidades (compreensão, paciência, altruísmo, esperança) e eles esperam de nós o apoio e a base para que possam trilhar o seu próprio caminho (ética, honestidade, sensatez, equilíbrio).
O mundo se torna uma grande escola para pais e filhos, mas um tem no outro a oportunidade de desenvolver o melhor que existe em cada um. É uma questão de observar e incentivar. É também não cobrar nada no final da missão, pois apesar das várias linhas que nos unem e nos afastam, cada um de nós tem seu próprio caminho a trilhar.
Mas os momentos que
vivenciamos juntos nesse caminho devem ser usufruídos e degustados como vinho
raro, único e inimitável assim como cada um de nós. Saúde é paz!”
Abraços carinhosos!
Tiago Campos, pai do Theo
e do Thomas
Como é bom poder contar estórias com bons exemplos de paternidade!!! Ficamos super felizes com sua partilha, que ela possa semear nos corações de outros pais a coragem necessária para aceitar esse desafio divino que é a Criação Ativa dos Filhos.
Abraços
Camila Maciel
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